Ao que li, Rui Moreira terá defendido em reunião extraordinária da Assembleia Municipal do Porto que a descentralização de competências só será efetiva quando avançarmos para a regionalização política.
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Nem que tenha de ser em geometria variável, de acordo com a vontade expressa do povo de cada NUTS 2 (a única regionalização estatística a que temos direito).
Com eleições este ano e apenas menos de metade dos municípios a aceitarem a transferência de competências proposta pelo Governo, o que parece, neste momento, caótico pode vir a ser o fator de desequilíbrio que obriga à ação.
Ou seja, o processo em curso em que competências relativamente pouco qualificadas e totalmente desorçamentadas são assumidas por alguns municípios não produzirá qualquer efeito visível antes do ato eleitoral e dificilmente poderá ser usado como bandeira pelo PS.
Ora, ao contrário, talvez seja uma oportunidade para mostrar que o tempo se esgotou. Que chega de experiências tíbias. Que ou regionalizamos ou morremos. Lisboa de excesso de peso e o resto do país de excesso de trabalho.
Ainda por cima porque, como já aqui oportunamente reproduzi: "(...) a região onde se concentram mais recursos públicos (a AML) é a menos resiliente em tempos de crise e que quem menos decresceu e mais rapidamente recuperou no período 2008-2016 foram as regiões mais industrializadas porque passaram também a ser mais exportadoras". (ACP, 2018).
Como resultado do nosso esforço "(...) as empresas sediadas na AM Lisboa representaram em 2016 77% das vendas à AP Central"! (ACP, 2018).
Se os independentes (como Rui Moreira) insistirem na clarificação do tema, se Rui Rio aproveitar a margem de manobra que tem procurado manter com o PS e se António Costa se convencer de que tem de prestar este serviço ao país, ainda assim, tudo terá valido a pena.
Resta perceber se Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do povo e para o povo, se lembrará do ferrolho constitucional com que fechou a porta desta opção e correrá a diligenciar para que o aloquete seja aberto.
Nesse dia, até eu corro atrás de uma selfie com o Sr. Presidente.
*Analista financeira