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Depois de três semanas a escrever sobre guerra na Ucrânia, apetecia-me focar noutro tema. Algo mais positivo e que não provocasse mais angústia, que é a "fruta da época". Ainda assim, é difícil tirar o pensamento da crueldade que se passa ali ao lado - sugiro que procurem o trabalho sobre o cerco a Mariupol dos jornalistas da Associated Press, que mostra a crueza da guerra de uma forma que será falada durante anos. Cheguei a ponderar encontrar um meio-termo, que não é bem guerra, mas também não deixa de ser, e escrever sobre a chegada da estátua da Senhora de Fátima a Lviv, mas consta que não sabe manejar armas ou drones, pelo que será pouco útil para ajudar a manter seguros os que se refugiam na cidade mais próxima da fronteira com a Polónia. Por cá, nem o modo aleatório da minha playlist se abstrai do tema e decidiu recordar um clássico da música de intervenção do final do século XX (e talvez incompreendida na altura), de um irreverente e socialmente consciente Pedro Abrunhosa: "Há snipers em Sarajevo/E há fome em Bombaim/Guerra civil sem vergonha nem fim/E eu e tu o que é que temos que fazer? Talvez..."
*Jornalista