O que está em causa no petardo de Tancos não é só um caso de justiça. Nem só de política. É um caso de honra, um caso que expôs ao ridículo a defesa de Portugal.
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No limite, a defesa da nossa integridade continental. Portanto, não só seria impossível que a acusação passasse ao lado da campanha eleitoral, como seria caricato. O tema Tancos não atingiu a dignidade da campanha. Atingiu a dignidade de todos nós. Cada um pode optar pela tese que mais lhe convém. Mas o que fica para a história é um assalto a paióis com material de guerra, uma lista de armamento que o Exército português não quis divulgar, mas que um jornal espanhol publicou. Alertas em Espanha, em França e na embaixada dos EUA. Depois, uma encenação cinematográfica para justificar a devolução de parte das armas e um ministro da Defesa que abandonou o Governo após uma série de declarações desordenadas. Em resumo: um escândalo que já vai com 23 pessoas acusadas por terem planeado, executado e encenado um final (in)feliz com bandidos. Assim, e independentemente da idade, os eleitores também não precisam de lições de ética. Aliás, nos últimos dias, temos assistido a algumas aulas de ética dadas por cidadãos bem mais jovens.
O que os eleitores precisam é de menos teorias da conspiração, de menos "bullying" político e que lhes digam se houve ou não gente a mentir na Comissão Parlamentar de Inquérito. Precisam de respostas urgentes, políticas, militares e judiciais. E tentar envolver outros atores, sem provas que sustentem as narrativas, é estar no limite das "fake news", ou, pior, é mais uma encenação ridícula. Urge, portanto, saber quem esteve de facto relacionado com esta trama e quais as suas reais motivações. O caso Tancos não favorece políticos, nem de Esquerda nem de Direita. Não favorece ninguém.
Diretor-adjunto