A TAP está a ser bem embrulhada pelo Estado para regressar às mãos dos privados. O Novo Banco (NB) também tem estado a ser abrilhantado por um fundo norte-americano à custa de generosos empréstimos provenientes do erário público ao Fundo de Resolução.
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Aliás, o Fundo só acabará de reembolsar o Estado em 2046. Nada disto é neutro para os portugueses. Por exemplo, qualquer operação feita pelos governos tem sempre impacto nas contas públicas, podendo elevar os juros que os credores pedem para emprestar dinheiro ao país.
Privatiza-se o lucro e nacionaliza-se o prejuízo? A frase, cara a uma certa Esquerda, assenta bem ao caso do NB e pode e deve ser mais longa. Nacionaliza-se também por questões ideológicas e reprivatiza-se mal seja possível por que a brincadeira está a sair demasiado cara aos contribuintes. Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, disse-o publicamente: reprivatizar já está fora de hipótese, mas o objetivo final é esse. Ou seja, nos próximos anos iremos ter de desembolsar milhões de euros para segurar um ativo importante para a economia, tendo em conta a sua operação de transporte de passageiros e, não menos importante, a teia de fornecedores nacionais da companhia aérea. Um dia, os portugueses irão acordar e sentir-se orgulhosos do "filho" que tanto trabalho deu a educar e que tanto investimento exigiu? Não. Esse filho vai sair de casa e tornar-se independente. Mas podemos contar com ele para nos ajudar? Nada está garantido. Mesmo que a TAP se torne um dia numa parceria público-privada (PPP), na qual o Estado será irrelevante, já todos conhecemos aonde nos leva esse caminho sinuoso. O Tribunal de Contas disse há duas semanas que os cidadãos têm direito a "informação completa, correta e clara sobre PPP". No plano judicial, dois ex-secretários de Estado foram acusados de crimes e o Ministério Público aventa a hipótese de as concessionárias rodoviárias terem de devolver 3,3 mil milhões de euros ao Estado.
*Editor-executivo-adjunto