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Nunca fui de fazer sestas, mas gosto de sentar-me no sofá depois do almoço. Quando consigo, aproveito para ler ou ver anedotas, porque a habilidade parece cada vez mais escassa para alguém as dizer em alta voz, face ao desenvolvimento de novas formas de comunicar, como os memes ou tweets servidos em doses boas de sarcasmo. No meio deste sono que não acontece, também vejo coisas que têm pouca piada. Mas respeito as opiniões, por mais absurdas que nos pareçam. Já vi defenderem líderes mundiais tão gentis como Donald Trump, Nicolás Maduro, Jair Bolsonaro, Kim Jong-un ou Vladimir Putin, tudo gente boa que não hesita em abrir caminho para disparar ou cometer as mais patrióticas atrocidades em seara alheia. Curioso é que, nos últimos dias, vi erguer-se uma onda de indignação, proveniente dos mesmos quadrantes que tão nobres personalidades defendem, por causa de o Papa Francisco ter dado uma sapatada na mão de uma devota. É estranho e, simultaneamente, verdade: incomodam-se com um tapinha que não dói e glorificam a morte dos indefesos. São, no fundo, umas anedotas. Não se desse o caso de serem um bocado para o aparvalhadas, até tinham piada.
*Jornalista