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O Porto encontra-se, desde 1 de março, entre as dezenas de cidades do Mundo que aplicam a taxa turística. Uma vez que somos considerados um dos melhores destinos europeus, é momento de recolhermos dividendos desse crescimento, aumentando a sustentabilidade da cidade.
O Porto e o Norte recebem mais de 7 milhões de visitantes por ano. Grande parte deles fica alojado na nossa cidade, que, de acordo com os especialistas, é aquela que apresenta maior potencial de crescimento nos próximos anos. A taxa de ocupação hoteleira situa-se hoje nos 76 por cento, sendo que há mais de uma dezena de novos hotéis em construção ou em licenciamento. Ou seja, a cidade cresce e revitaliza-se, a economia ligada ao turismo prospera e cria emprego qualificado. Toda a região beneficia desta tendência consolidada. O sucesso do destino já há muito deixou de ser algo que apenas reforça o orgulho portuense.
E os cidadãos? Os que não investem em hotéis, não trabalham num restaurante, não são guias ou não conduzem um tuk-tuk? Não têm também direito a partilhar as vantagens deste sucesso? Claramente que sim. E é esse o objetivo que preside à taxa turística, que a Câmara do Porto instituiu e que começou a vigorar há uma semana. Através desta medida será possível mitigar os impactos da pegada turística, a diversos níveis. Fixada em dois euros por turista/noite, estima-se que a taxa turística venha a gerar uma receita na ordem dos seis milhões de euros anuais. Ora, é esse o contributo que o orçamento municipal vai poder converter em benfeitorias, tornando a cidade mais confortável e mais sustentável. Como decorre da política de boas contas da gestão autárquica de Rui Moreira, receberemos com frequência informação concreta quanto à aplicação daquela receita.
Acompanhei o processo desde a sua origem, quer no seio do Conselho Económico Municipal - a "Casa dos 24" -, quer enquanto vice-presidente da Associação de Turismo do Porto, incentivando a sua introdução e constatando o consenso que se gerou entre partidos políticos, agentes do setor e instituições da cidade.
Convenhamos: o Porto é, para efeitos turísticos, uma cidade barata. Por muito polémico que possa parecer, precisamos de fazer aproximar a dimensão das receitas aos níveis de capacidade de atração que alcançamos. O preço médio de uma dormida num hotel no Porto é de 80euro, contra 136 de Barcelona, 128 de Dublin ou 98 de Lisboa. Não será o acréscimo da taxa turística a tornar o destino menos competitivo. Mas será o adicional de receita por ela gerada a poder fazer a diferença na melhoria da qualidade dos serviços que a cidade presta e no bem-estar dos portuenses.
*EMPRESÁRIO E PRES. ASS. COMERCIAL DO PORTO