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A tomada de posse de Donald Trump indicia uma era tempestuosa, dentro e fora dos EUA? Uma nova sondagem realizada no final de novembro último, embora só agora publicada, pelo Conselho Europeu de Relações Externas e pelo projeto de investigação “Europe in a Changing World”, da Universidade de Oxford, não deixa de ser surpreendente para muitos. O regresso do empresário acusado de vários crimes, nomeadamente de ser incitador da invasão grotesca do Capitólio quando perdeu as eleições de 2021, é visto de forma positiva, embora exista alguma ansiedade entre os europeus.
Trump entra na Casa já a vangloriar-se do acordo de cessar-fogo alcançado entre Israel e o Hamas. Segue-se o dossiê mais problemático: a guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Essa será a grande prova de fogo e já sabemos que o conflito não acabará em 24 horas, como chegou a ser prometido pelo novo presidente dos EUA.
Há um efeito sobre a política que será bem visível: o endurecimento das posições isolacionistas de Washington face às instituições internacionais (ONU e NATO) e a resistência agressiva à força comercial dos chineses, nomeadamente no que toca à tecnologia (TikTok é só um pormenor) e ao setor automóvel asiático, que tanto desemprego tem criado nos EUA.
As novas políticas podem constituir uma oportunidade para países como Portugal se for dada preferência a acordos entre empresas ou bilaterais (entre países), secundarizando-se o multilateralismo global que tem ferido os interesses da indústria norte-americana. A oportunidade para os europeus pode mesmo ser de ouro: fortalecimento militar e económico, embora neste último caso o bilateralismo possa vir a ser a moda. A retórica trumpista, por si só, servirá para alimentar imitadores na Europa, Portugal incluído. Uma (a)ventura de resultados imprevisíveis.