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Tempos houve em que se dizia que ter informação significava ter poder. Hoje parece que estamos num tempo onde o poder assenta na desinformação.
Mais de 50% dos dados digitais gerados são através de vídeo. Isto permite avaliar quanto importante são as imagens das televisões ou o TikTok e o YouTube. Através destes canais as pessoas começam a gerar a sua perceção do Mundo. Essas mesmas pessoas, que depois são eleitores, projetam em certas lideranças a sua ideia do que pretendem para a sua comunidade, o seu país ou para o Mundo.
Neste domínio, o presidente Zelensky é um bom exemplo duma ideia de resistência ao comunicar durante a guerra com os ucranianos, bem como Trump introduziu uma nova maneira de vermos no Mundo o papel dos Estados Unidos.
Em Portugal, a propósito das eleições presidenciais, encontramos um certo alinhamento das televisões no sentido de promover algumas candidaturas e deixar deliberadamente outras para trás. Isso foi evidente no último fim de semana quando, no âmbito de visitas à emigração, se divulgou a presença de um candidato, Luís Marques Mendes, em Londres, e outro, António José Seguro, em Paris, esquecendo, em Genebra, Gouveia e Melo.
Este tipo de situações tem-se acelerado quando se procura dizer algumas meias-verdades e misturar as mesmas com picantes meias-mentiras. Pode parecer estranho, mas basta atender à constante presença de André Ventura nas televisões para se compreender que alguma coisa não bate certo. O país real e a bolha virtual não estão a coincidir.
Depois de um episódio entre dois comentadores de um canal de televisão em que um abandonou a cena, assistimos agora a André Ventura a repetir o feito, de forma muito artificial e depois de uma inocente pergunta, num tom tranquilo feita por Pedro Costa, a deixar o ecrã televisivo.
Perante estas situações não se espera que as mesmas sejam proibidas, mas antes seja possível produzir um debate aberto onde fique evidenciada essa tentativa de manipular a opinião pública e na qual os jornalistas não podem ser cúmplices.
Aguardamos uma reação que dignifique o jornalismo e que não seja assente em hipotéticas causas.
O tempo só para alguns é que é de certezas.

