Nesta altura, dedico sempre o meu texto ao 25 de Abril. Contando experiências pessoais, evocando pessoas que contribuíram para que o 25 de Abril fosse uma realidade, descrevendo exemplos do que eram os tempos da ditadura. Pela importância de uma das nossas maiores realizações como povo, mas, também, para que não se esqueça o seu significado nem o que era o Portugal do fascismo - agradecendo àqueles que, nesses tempos difíceis, tiveram a coragem de dizer não!
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Este ano não será diferente, até porque vivemos tempos irrespiráveis de intolerância a propósito da inaceitável agressão da Rússia à Ucrânia. A questão essencial é sobre quem defende, ou não, essa agressão. Entendido que o PCP não a defende (apesar de não omitir o processo que lhe dá origem), logo passaram à tese de "quem não é por Zelensky é por Putin". Sendo que, não defendendo eu Putin, não posso defender, também, pelas suas práticas e pelas suas ideias, Zelensky. Do mesmo modo que, ao contrário do que diziam os fascistas, não era antipatriota quem defendia o fim da guerra e a independência das colónias. Por isso, não ouvir Zelensky não significa não estar solidário com o povo ucraniano.
Esta intolerância leva a pedidos de saneamento por parte de comentadores, a pedidos de criminalização do PCP por delito de opinião e, mesmo, a pedidos de ilegalização deste partido. É um objetivo de sempre de gente que já não perdoava ao PCP o facto de lutar contra a ditadura, mas que conta com o apoio de democratas que, embalados na onda dos ataques ao PCP, não se apercebem que mais não fazem do que o papel de "idiotas úteis" daqueles que, com pezinhos de lã, querem voltar ao 24 de abril...
*Engenheiro