Teremos solução para a VCI?
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Deve estar para breve a “solução definitiva” para a VCI. O ministro Miguel Pinto Luz anunciou essa intenção há cerca de três semanas, na sequência de uma reunião com os autarcas da Área Metropolitana do Porto e deixou a comunidade à espera de decisões. O prazo autoestipulado pelo governante já expirou, mas mantém-se a expectativa.
Em antecipação ao que pode ser anunciado, será improvável fugir às soluções já amplamente discutidas e consensualizadas na região. Por um lado, terá de ser reconfigurada a cobrança de portagens na A41, tornando economicamente vantajosa - sobretudo para as empresas de transporte de mercadorias - a sua utilização, em alternativa ao atravessamento da cidade do Porto. Por outro, talvez se considere recuperar o acordo estabelecido em 2020 - mas nunca cumprido - entre os municípios de Porto e Matosinhos para redefinir dois pórticos na A28, junto ao nó da A41, e remover duas portagens existentes na A4, precisamente para favorecer o escoamento de trânsito por aquelas vias, desviando os condutores da VCI.
Seja mais ou menos conservadora; esteja mais ou menos alinhada com os estudos anteriores e as posições já assumidas, a realidade é que urge uma intervenção sobre este assunto. A pressão sobre a infraestrutura continua a aumentar e, de acordo com os dados mais recentes do IMT, o segundo trimestre deste ano voltou a registar um maior volume de tráfego automóvel na VCI, face ao mesmo período de 2023 e acima do comparador pré-pandemia. A isso, soma-se o congestionamento provocado pelas obras do metro, quer no Porto quer em Gaia, com enorme impacto na mobilidade das famílias e das empresas.
Já agora, é preciso atuar também a montante, designadamente no reforço e na eficiência da rede de transportes públicos. Especialmente na ferrovia, os problemas no serviço suburbano e regional continuam a ser muitos, e não basta o lançamento de medidas a impactar a procura - como passes ferroviários - se, depois, não existe uma oferta correspondente.
Importa dizer, também, que a mobilidade no Grande Porto tem de ser pensada como um todo. Se a gestão da rede não for feita de forma integrada e articulada, bem pode o Governo anunciar medidas avulsas, que elas estarão sempre muito longe de se apresentar como soluções definitivas.