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Não, não é uma sugestão de itinerário para um passeio em Lisboa. São os locais onde se encontarm instalados o Ministério das Finanças, o Banco de Portugal e o Ministério da Economia, respetivamente. Do Terreiro do Paço recebemos sinais de que o Governo está apostado em atingir este ano um défice que não ultrapasse os 3% do PIB. O Governo percebeu, e bem, que esse objetivo é decisivo para a sua credibilidade e para que possa dispor de condições mais favoráveis para implementar as medidas de alívio da austeridade que propôs para 2016. Tais medidas são um estímulo ao consumo, ajudando à recuperação do crescimento económico. Este estímulo não é incompatível com a aposta que o país deve manter na expansão das exportações e no consequente reforço do seu setor de produtos transacionáveis. Não são incompatíveis porque se colocam em horizontes temporais distintos: o reforço das exportações é um objetivo estruturante da economia; o aumento do consumo é um estímulo contracíclico de curto prazo. O primeiro, exigindo maior competitividade da economia, apoiará o seu crescimento sustentado no médio e longo prazo. O segundo, ao ter um efeito imediato na procura interna, estimulará o crescimento no curto prazo.
Da Rua do Comércio veio esta semana a divulgação das novas projeções do Banco de Portugal para o crescimento da economia. Espera-se uma desaceleração que tem a ver precisamente com a queda do crescimento das exportações. Esta queda não ocorre por falta de empenhamento das empresas portuguesas nos mercados externos. Deve-se, isso sim, à desaceleração do crescimento mundial. Se a procura externa está a diminuir, a aposta nas exportações terá resultados incertos no curto prazo, apesar da sua importância estratégica para o crescimento no médio e longo prazos. Se a procura externa está a fraquejar, terá que ser a procura interna a "puxar" pelo crescimento. Todavia, o Governo não pode ignorar a pressão que o aumento do consumo exercerá sobre as importações. Terá por isso que balancear devidamente estes objetivos de curto versus médio-longo prazo de forma a não comprometer o equilíbrio externo do país. Assim, o estímulo que o Governo pretende dar ao consumo mais que pôr em causa, exige a aposta nas exportações, tornando-a uma peça essencial da sua política económica.
Em 2009, no auge da grande recessão que afetou o Mundo e Portugal, foram adotadas medidas para apoiar o setor exportador a enfrentar as dificuldades dessa conjuntura adversa. Entre elas constava a criação de um Conselho Coordenador para a Internacionalização. Para o efeito, contei na altura com o forte empenhamento de um homem que muito valorizava essa estratégia. Esse homem está hoje na Horta Seca à frente do Ministério da Economia.