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Até ao final deste ano, em Torres Vedras, estará patente a exposição de fotografia “Terreiro” de Carlos Miguel. Imagens de vidas em mobilidade, passadas no Terreiro do Paço, sob o olhar atento do político com gosto pela arte e pela mobilidade suave, vistas a partir do seu gabinete, quando exerceu funções de Secretário de Estado, e que, por coincidência, foi o Gabinete de Salazar.
Esta sequência de fotografias pinta a silhueta dos corpos em movimento com posturas corporais distintas, num local de eternas partidas e chegadas. Todas na mesma praça e na hora do almoço. As imagens tentam contrariar a banalização do espaço público. De resto, evidenciam que aquele lugar vale por si só, pelo valor intrínseco enquanto plataforma de encontro, de vivências, de afetos, de memórias, de experiências. E o autor, certamente fez um enorme esforço para se abstrair da sua história forte de lutas sobrepostas, convulsões políticas, manifestações sociais e culturais.
São quadros de casais e famílias com crianças a brincar, amigos e desconhecidos, namorados que se beijam, polícias e homens que limpam o chão, bicicletas e trotinetas e muitas malas cansadas de viajar. Um lugar que é o epicentro da jornada de muitos, seja ela fugaz ou prolongada.
E em momento algum, se consegue perceber onde fica aquele terreiro, pelos fragmentos de momentos fotografados que podem ter acontecido em qualquer praça de uma cidade do Mundo.
Esta, uma exposição simplesmente brilhante, que consegue demonstrar a beleza e o sentido do quotidiano, através da mobilidade e dos fluxos de pessoas sem pressa. A visitar.