Corpo do artigo
Entre centenas e centenas de imagens desoladoras - de sofrimento, mutilação e dor - a tua fotografia é inultrapassável. De vestido de tule preto e pés descalços, caminhas entre tendas de refúgio, num chão repleto de pedras, arame e lixo. Não terás mais de quatro anos e o teu olhar assustado dói-me como uma facada. Mas há uma grandeza arrepiante na tua silhueta injustamente arrancada de casa e colada a um cenário apocalítico. Não te vejo balas escondidas entre os dedos pequeninos, embora te chamem terrorista. Devias estar no pula-pula, a ver o Spidey ou a roubar ovos kinder aos papás, mas quiseram os donos do Mundo que passasses fome debaixo de uma chuva de bombas. Deus não te salvou e nós também não. Perdoa-nos, que não sabemos mesmo o que fazemos.