Não tarda, só dois números vão importar: os que precisam de cuidados nos hospitais e os que morreram aos espinhos do vírus que nos tolda os dias.
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São estatísticas que assustam, mas não justificam o crescimento da quantidade de aberrações democráticas que as pessoas parecem disponíveis para aceitar. Há quem defenda por aí que Portugal devia ser como a China. Não sabem, seguramente, que na China as pessoas são identificados automaticamente por videovigilância e vigora uma espécie de lei da bala administrada pelo Estado. Perguntarão esses novos tendões nacionais do músculo político: "Querem que aconteça aqui como em Itália"? Não queremos, claro.
Mas a escolha não está apenas entre o desleixo social e o absolutismo radical. Há alternativas, como as que o Governo tem, e bem, escolhido: promover o bom senso e usar uma justa medida da repressão. Relembro que há um clássico de Orwell que começa com o relato de cidadãos a serem obrigados a fazer exercícios a olhar para um ecrã logo pela manhã. O totalitarismo moderno parece manso, mas é insidioso e perverso: põe os incautos a preferir o controlo e a restrição da liberdade. A crise do coronavírus será o teste do algodão das democracias.