Os fogos são um problema estrutural de um país hiper-litoralizado e onde existe uma gigante mancha desértica, matéria fácil para as chamas. Se não é a razão da tragédia que se abate de um lado e de outro da serra, da vila, é a razão para que esta seja tão expressiva. Nos meses de manga arregaçada, já nada para prevenir, sobrepõem-se as teorias TMFD - foi mesmo um comandante dos bombeiros quem me falou disto. "Tudo ao Molho e Fé em Deus". Terá sido um desabafo, aconteceu em 2017 e aí a tragédia era grande porque não se falava só de hectares, falava-se de vidas. Perderam-se tantas nesse ano! Desde então, o muito que se alega ter evoluído na coordenação não chega para abafar críticas à falta de meios, nem para impedir a repetição de imagens de pessoas de mangueira a regar os terrenos à volta das casas aos gritos. Onde é que eu já vi isto?
*Jornalista

