A reação do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda à decisão do Governo sobre a tolerância de ponto para 12 de maio fez-se ouvir muito bem: calaram muito, disseram pouco e não criticaram nada. E isso mostrou tudo, embora não tenham surpreendido ninguém. O ópio do povo, mesmo que seja ópio, não deixa de ser do povo. E do que o povo gosta sabe o PCP, especialmente daquela parte do povo que pertence à Função Pública.
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A decisão de Costa não trará grande mal - o Mundo está perigoso e, do ponto de vista da profilaxia moral, fica claro que o Governo sabe ser previdente, não vá o diabo tecê-las -, mas torna bem claro que é dos funcionários públicos, e pelos funcionários públicos, a vida política nacional. É para eles que se faz campanha, é por eles que se governa, é com eles que se é reeleito.
As cerca de 660 mil famílias (dados Pordata referentes a 2016) que dependem do Estado são as famílias de que o Estado depende. Para fazer andar a economia, consumir bens e serviços, ajudar as empresas, criar rendimentos tributáveis e pagar impostos, para que depois haja dinheiro para lhes pagar os salários, e assim o ciclo não pare. Naturalmente que saber se este ciclo é virtuoso ou vicioso depende, como a História tem demonstrado, da tolerância do ponto de vista de cada um.
JORNALISTA