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1. Da forma como Cavaco Silva justificou a "indicação" de António Costa: teve de o fazer porque todos os que ouviu não quiseram um governo de gestão; chama-se "sacudir a água do capote";
2. Da forma como algumas palavras foram alegadamente usadas para defender o presidente da escolha: "indicar" em vez de "indigitar", "devida nota" em vez de "boa nota"... a ser verdade é, apenas, pobreza de espírito.
3. Da forma como os partidos da "Posição Conjunta" saudaram a indigitação do novo primeiro-ministro. Espero que o tom construtivo e esperançoso se reflita na atuação ponderada e responsável a que situação do país obriga.
4. Da forma como, apesar das reações oficiais do CDS-PP e do PSD, Poiares Maduro afirmou julgar imperativo que, em matérias de interesse nacional, a "ex-Coligação" apoie o novo Governo em funções; se assim não acontecer, apesar do sapo ser um elefante, o PSD e o CDS-PP terão de arcar com a responsabilidade moral de pôr a estratégia partidária à frente do país.
5. Da forma como os presidentes das Regiões Autónomas, em declarações aparentemente mais genuínas do que as que a cortesia institucional impõe, se apresentaram prontos a manter uma atitude construtiva e de diálogo com Lisboa.
6. Da forma como todos os candidatos à Presidência da República se congratularam com a indigitação. Marcelo incluído. Convicto de que a sua imensa notoriedade lhe preserva os votos à Direita e o estimula a piscar, muito, os olhos à Esquerda, Marcelo terá de dar algumas reviravoltas quando um dia tiver de se indispor a sério com um Governo que não funcione.
7. Da forma aparentemente eficaz como António Costa constituiu o seu Governo. Socialista e independente, experiente e jovem com uma solução bem esgalhada para a arquitetura de concertação parlamentar especial que desta vez se impõe.
8. Da minoria feminina que não há meio de deixar de acontecer, de um relativamente menor Lisboa centrismo e de uma incipiente, mas interessante inovação na orgânica, sobretudo no que diz respeito ao Ministério do Planeamento e Infraestruturas assim o Planeamento seja transversalmente influente e as infraestruturas globalmente abrangidas.
Alea jacta est! Que as tropas vencedoras não deponham o regime.
*ANALISTA FINANCEIRA