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Não acompanhei de perto e não faço ideia se o problema está ou não ultrapassado. Descontentes com o valor global a contratualizar no âmbito da operacionalização do Portugal 2020, os autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP) terão recusado a assinatura do respetivo contrato.
O desabafo em título terá sido proferido pelo presidente da Câmara de Valongo e a frase, que respiguei "en passant" de um jornal, parece-me profética: a AMP, e nós todos, ficaremos seguramente a falar para os peixes (mais envelope, menos envelope) se não nos capacitarmos:
1. Que é no estímulo à iniciativa privada que reside o segredo de um crescimento sustentado e que há muita coisa a pensar e a fazer do lado público sem ser preciso grande dinheiro.
2. Que é no ganho de escala e na poupança pelas sinergias que se folga o orçamento para novos desafios.
3. Que para isto é preciso querer ser metropolitano todos os dias e não apenas quando se mobilizam para reivindicar em conjunto.
4. Que esta cidadania metropolitana é enriquecedora, vibrante até, mas tem de ser conquistada e propagada a cada momento.
5. E que não é este tipo de reivindicação que torna o Estado central mais descentralizado ou o Portugal 2020 com mais dinheiro ou com outras regras.
Dito isto, podemos todos na AMP (políticos e cidadãos) acabar como tontos, anjinhos ou Calimeros se não percebermos que estamos a correr o risco de deitar fora o menino com a água do banho!
Talvez não nos tenhamos apercebido que o atual quadro comunitário tem essencialmente uma grande vantagem. A de, contra as eminências pardas de Bruxelas, insistir e reforçar um exercício de contratualização, que é como quem diz de autonomização e reforço técnico das CIM/AMP e das próprias autarquias (no caso da regeneração urbana).
Teria sido muito mais fácil propor a gestão de tudo a partir de Lisboa ou mesmo, no caso do Norte, a partir da CCDR-N. Os negociadores nacionais esforçaram-se por manter viva uma tradição de confiança (na gestão de fundos comunitários) nas suas instâncias regionais, sub-regionais e municipais o que é, sob qualquer ponto de vista, uma oportunidade e uma vantagem.
Não a desperdicemos com a defesa de uma métrica estritamente financeira que, ainda por cima, nos deixa muito mal colocados face aos restantes espaços deste Norte que tão facilmente se desintegra!
*ANALISTA FINANCEIRA