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Esta foi uma semana estranha... No plano internacional, assistimos a uma verdadeira cambalhota que nos empurra de volta aos tempos da Guerra Fria. A diferença é que agora as peças do xadrez mundial estão completamente misturadas e obedecem a critérios que pensávamos ultrapassados e que seriam inaceitáveis entre vizinhos e aliados.
Em Portugal, o caso da empresa do primeiro-ministro é mais uma machadada na credibilidade do sistema político, quando se podia pensar que tínhamos aprendido alguma coisa com o passado recente.
E aquilo que vemos a acontecer no plano internacional é quase uma premonição do que nos espera mais à frente no caminho que insistimos em percorrer.
Continuamos a torpedear um sistema que tem todas as condições para nos servir e muito pouco fazemos para o melhorar ou, sequer, para o manter. Insistimos nos erros e, pior, todas as tentativas de resolver os problemas acabam por se revelar inúteis.
Estranha-se o “quase silêncio” de Marcelo Rebelo de Sousa, habitualmente pronto a mostrar que está atento e que é um garante da estabilidade e da credibilidade dos vários governos. Às vezes até de forma excessiva, habituamo-nos a ver o presidente da República “puxar as orelhas” a ministros, apontar-lhes metas e chamá-los à razão.
Agora, temos um primeiro-ministro embrulhado num processo que nunca deveria ter chegado a esta fronteira de dúvida e o silêncio de Belém não bate certo com o nível de exigência a que nos habituamos.
O resultado, mais uma vez, é pouco abonatório para os partidos políticos e para os seus representantes, que gostávamos que fossem mais exigentes nas suas atividades e na forma como as apresentam. Todo este abalo seria evitável se estivesse em prática a cultura de transparência que todos defendem. mas aparentemente poucos praticam.