Ficamos esta semana a saber que Portugal bateu no ano passado o recorde de novas empresas criadas (mais de 45 mil). Destas, mais de 18 mil são empresas ligadas ao turismo.
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Nunca é demais sublinhar que o turismo é responsável por um quinto das nossas exportações, vale mais de 13% do produto interno e emprega diretamente quase 500 mil trabalhadores. Como é das coisas que funciona bem neste país, deve ser, tem que ser, tratado com mais atenção.
Os anos de sucesso que temos vindo a viver devem ser aproveitados para desenvolver os hábitos e os mecanismos de cooperação, para apostar na melhoria das infraestruturas e para reforçar o princípio do equilíbrio territorial do investimento público. Mas vamos por partes.
Da boa articulação entre Turismo de Portugal, entidades regionais e agentes locais muito depende o êxito das políticas de consolidação dos destinos tradicionais ou da afirmação de novas tendências. No caso do Turismo do Porto e Norte, cuja direção é eleita dentro de dias, a candidatura de Luís Pedro Martins surge com base na renovação geracional e dentro de um espírito de união entre diversos atores. Pela sua experiência na Torre dos Clérigos tem a vantagem acrescida de ser um executivo do setor, reúne apoios que vão do Douro Litoral a Trás-os-Montes passando pelo Minho. E isso é fundamental para que, em conjunto com entidades privadas e organismos públicos, o destino Porto e Norte ganhe melhores condições, maior dinamismo e continue a prestar o seu forte contributo à economia nacional.
O reforço material passa desde logo por aumentar o número de camas nesta região - uma tarefa que naturalmente cabe aos investidores e em relação à qual se espera que o Estado (central e local) assegure a legalidade e a qualidade, não complicando. Mas passa também pelo investimento em infraestruturas públicas. Numa altura em que se assina o acordo para construir um novo aeroporto em Lisboa, convém recordar à ANA e ao Governo os atrasos sucessivos na concretização dos planos de expansão do Aeroporto do Porto, com vista a aumentar a sua capacidade e eficácia. Para que depois não se venha a fazê-lo num quadro de emergência, como parece suceder no Montijo.
Por fim, a questão de sempre: é obrigatório continuar a combater o centralismo orçamental, que afeta a maioria dos recursos a Lisboa e distribui o pouco que resta pelas regiões do país, com exigências desmesuradas face à escassez dos apoios prestados. Sendo uma luta antiga, denunciar e contrariar o centralismo é cada vez mais uma missão patriótica.
*EMPRESÁRIO E PRES. ASS. COMERCIAL DO PORTO