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Faz todo o sentido a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa escrita ontem no site da Presidência da República a propósito de mais uma renovação do estado de emergência. "Ou celebramos o Natal com bom senso, maturidade cívica e justa contenção ou janeiro conhecerá, inevitavelmente, o agravamento da pandemia". O recado é simples. É claro. As famílias não precisam de criatividades. Nem de insólitas sugestões que incluem "visitas rápidas de familiares no quintal", troca de presentes "como compotas", ceia celebrada ao pequeno-almoço ou ao almoço da véspera e videochamadas com os avós. Caricatas, mas levadas a sério pela DGS quando proferidas pelo subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal.
Faz também todo o sentido que o Governo tenha optado por medidas mais apertadas para a celebração do Ano Novo (recolher obrigatório às 23 horas no dia 31 e às 13 horas nos dias 1, 2 e 3 de janeiro), o tal travão de emergência que António Costa tinha admitido acionar quando aprovou o levantamento de algumas medidas para o período das festas. E ainda bem que, ao contrário de outros líderes europeus, o primeiro-ministro português não caiu na tentação de fornecer um número orientador das pessoas que devem estar presentes na ceia de Natal, ainda que pressionado por políticos, especialistas e pela própria Ordem dos Médicos. Medida sem qualquer hipótese de ser levada a sério, muito menos fiscalizada.
Ficam por resolver os ajuntamentos a que todos continuamos a assistir ao final dos dias da semana e aos sábados e domingos de manhã nos centros comerciais, nos supermercados, nas confeitarias, etc., fruto de restrições de horários ao funcionamento do comércio que tiveram um efeito contrário ao pretendido. Situação que, muito provavelmente, conhecerá um agravamento nos próximos dias.
*Diretor-adjunto