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Verdade que o congresso correu relativamente bem a Pedro Nuno Santos. Verdade que a apresentação formal da AD foi um ato falhado, o que se mede por este singelo facto: findo o evento, foi mais discutida a presença de Rui Moreira no ato do que alguma proposta saída da cerimónia em que Montenegro foi frouxo, Nuno Melo foi meramente vocal e Gonçalo da Câmara Pereira foi sofrível. Verdade mais importante: nem PS, nem AD acrescentaram um átomo de entusiasmo a todos - e são muitos - os que têm ainda a cabeça cheia de dúvidas, quando se lhes pergunta a quem desejam entregar o poder.
É estranho que a capacidade mobilizadora dos principais partidos seja, por esta altura, inversamente proporcional aos problemas que o país atravessa: quanto maiores, mais relevantes e mais decisivas são as questões em causa, menor é a capacidade dos dirigentes para nos entusiasmar, ou sequer para nos espicaçar. As ideias são escassas, as estratégias de comunicação são más. Desejam um exemplo?
Reparem nas horas gastas com a bizarra discussão sobre o alegado “carisma” de Pedro Nuno Santos. Chega a ser confrangedor.
E, contudo, à nossa frente está uma das mais importantes eleições da nossa democracia. Do (provável) crescimento do radicalismo à (provável) instabilidade governativa, passando pelos constrangimentos políticos e económicos impostos por um mundo total desregulado como este em que vivemos, até à imperiosa necessidade de aproveitar devidamente os fundos comunitários, só para citar alguns exemplos bastante básicos, tudo aponta para um imperativo: liderança forte, sábia e autêntica. Ora, o que temos assistido aponta no sentido oposto: taticismos, veleidades, promessas. Mais do mesmo.
Zero de novidade. Zero de autenticidade.