Política. As férias não fizeram esmorecer nos nossos líderes políticos a obsessão de fazer da palavra a principal "arma" da luta política. Assim, se no Pontal, Passos Coelho ameaça que o PSD não será "muleta" do Governo para a aprovação do próximo Orçamento, logo José Sócrates responde que não aceita "chantagem" de quem quer que seja.
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Aliás, esta obsessão estende-se também, embora de forma mais ténue, aos restantes partidos do espaço parlamentar. Mas este é o campo em que podem jogar. Quando será que os nossos políticos se convencem que a "guerrilha" das palavras só os "mata" a eles próprios e continua a disseminar entre o povo desconfiança, desilusão? O país precisa urgentemente da entrada em vigor do princípio "mãos à obra".
E não quer dizer até que, em circunstâncias muito condicionadas que decorrem da actual situação do país, muitas coisas não estejam a ser feitas. Mas esta "guerrilha" permanente de discursos e contra-discursos na praça pública para manter as "lanternas" da luta política pelo poder espalham no público a sensação da inanidade. E desmotiva um povo que precisa de acreditar que este "beco" não é o seu último destino.
Justiça. Este pilar da democracia está bastante delapidado. Por responsabilidades próprias e dos seus agentes, mas também pela denegrida opinião tantas vezes preconceituosa e sem fundamentação que, no espaço público, se tem construído. Todavia, o que se tem feito nos últimos dias em querer transformar o julgamento e a sentença do processo Casa Pia no julgamento da Justiça, do seu estado, e particularmente na acusação, sem súmula, nem fundamentos, do colectivo de juízes que acompanharam e decidiram sobre este processo, é lastimável e perigoso. Já se sabe que para a defesa de um estado de Direito é sempre melhor ter um culpado erradamente absolvido em liberdade do que um inocente erradamente condenado. Fazer o "linchamento" público de juízes e investigadores através de determinadas "campanhas mediáticas" não concorre em nada para reabilitar o sistema. É grave e destruidor. A Justiça não se decide pela paixão por quem "se torce".
Futebol. O que se está a passar com a selecção nacional de futebol é bem ilustrativo de dirigentes inimputáveis a afundar o país e a divulgar dele a pior imagem. Até neste campo "guerrilhas intestinas" destroem os talentos que temos. Em tempos, Queiroz despediu-se, dizendo que era preciso limpar toda a "porcaria" existente na FPF. Pois bem, obviamente a "porcaria", agora, e com ele lá dentro, está mais porcaria.