Terminei há dias "A guerra dos tronos". Cheguei uns anitos mais tarde, mas não tive de viver com spoilers porque comecei a série só a saber que o "inverno está a chegar" (que falta fará o gás russo). Tantas frases que se poderiam adaptar ao guião das notícias que escrevemos nestes meses.
Vi-a à luz de 2022. Num ano em que a luta pelo poder continua tão feroz como no tempo de reis e princesas. Continua a ser a guerra pelo território, por pedaços de terra, cada vez mais árida e escaldante, num jogo geopolítico equivalente às Casas que se juntaram e se digladiaram pelo Trono de Ferro. Os tronos são a mortalha com que se embrulha um povo assustado, porque parece haver reis em toda a parte a querer acionar um botão vermelho de desgraça a qualquer simples pequeno-almoço. Os reis também caem, mas caem sempre depois de quem não usa coroa.
*Jornalista

