Trump em cena, Portugal aguarda
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Pois é, Trump voltou. Lá está ele, com toda a pompa e circunstância de quem se acha dono do Mundo, mas, para nós, aqui neste canto encantado, a verdade é que pouco faz.
Quer dizer, até poderia fazer mais. Nós até agradeceríamos um bocadinho de atenção. Mas, entre paredes, sabemos bem: se por acaso ouvirmos falar dos EUA, é para nos pedirem que invistamos mais na NATO ou para embirrarem com alguma exportação de vinho do Porto que, coitado, só queria cruzar o Atlântico em paz. E as laranjas do Algarve?
Mas, vamos lá. E se Portugal mostrasse algumas das suas qualidades para, quem sabe, conquistar um lugarzinho no radar? Em primeiro lugar, há o nosso charme diplomático: Portugal é uma ponte. Desde os Descobrimentos que somos o país das travessias, e esta habilidade continua viva. Podemos ser o ponto de ligação entre os EUA e a Europa, não apenas com discursos, mas com projetos reais que integrem economia verde, defesa cibernética e parcerias tecnológicas.
Depois, claro, há a nossa flexibilidade. Somos pequenos, mas versáteis. Portugal já demonstrou saber receber bem, seja turistas ou startups americanas que aterraram em Lisboa à procura de inovação e talento.
Por fim, e não menos importante, temos uma certa teimosia em fazer as coisas bem feitas, de preferência no nosso tempo e ao nosso modo. Este é o país que cuida das relações com África, que tem comunidade em Macau, que acolhe imigrantes com uma taxa de integração invejável.
Enquanto Trump dança o seu próprio ritmo, nós seguimos a valsa europeia, atentos, sim, mas preparados para lembrar a ele e ao Mundo que Portugal não é apenas mais um no canto da sala. É uma plateia atenta e com qualidades para fazer parte do palco. A ver se Trump vê e, finalmente, se lembra.