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Tinha uns 13 ou 14 anos, já não sei bem, quando entrei na Trump Tower. Andávamos por ali, na 5.ª Avenida, os passeios eram tão largos como as minhas ruas e os prédios tão altos como nunca tinha visto.
Não cheguei a ter medo de Nova Iorque. Já não era a cidade falida e perigosa dos anos 70 e 80 que via nos filmes, nem ainda a cidade paranoica do pós-11 de setembro. Eram os grandes dias dos anos 90 e a América estava forte, rica e a recuperar de traumas. Não vi malucos na rua, bandidos nos becos, nem polícias de metralhadora a fazer revistas preventivas. Aquela Nova Iorque foi a mais perfeita concretização dos melhores sonhos que tinha tido sobre essa viagem. Sei bem quem estava comigo e todos conhecíamos o nome, a figura, o cabelo e a fortuna. Donald Trump era um excêntrico norte-americano que nós, os normais, olhávamos nessa altura com espanto.
Entrámos e dentro da Trump Tower tudo era piroso e dourado, grande e exagerado como só a (pior) América é. O dinheiro parecia muito, tanto, e tudo aquilo me pareceu impossível. Saímos com a fascinação dos ingénuos.
Só os ingénuos podem admirar Trump. Só os perigosos pensam como Trump. Só os ignorantes não têm medo de uma América de Trump.
*JORNALISTA