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Em 2023, o crescimento do produto interno bruto português situou-se nos 2,3%, com o turismo a ser responsável por quase metade (1,1%) deste aumento. Os dados do Instituto Nacional de Estatística estimam ainda que, no último ano, o número de chegadas de turistas não residentes a Portugal atingiu os 26,5 milhões, correspondendo a um acréscimo de quase 20% face a 2022.
De recorde em recorde, o turismo vai-se afirmando como um dos principais motores da economia nacional, mas são cada vez mais as vozes que alertam para o impacto que o excesso da pressão turística está a ter nas cidades.
Lá fora, por exemplo, veja-se o caso de Barcelona, onde recentemente milhares de pessoas saíram à rua para se manifestarem contra o excesso de turismo e exigirem uma mudança de modelo económico para a cidade. Ou de Amesterdão, que também já toma medidas contra o turismo de massas, criando limitações à abertura de novos hotéis, e Veneza, que proibiu grupos turísticos com mais de 25 pessoas e o uso de altifalantes pelos guias.
Portugal também não foge a esta realidade.
Começamos a sentir o impacto negativo do turismo nos grandes centros turísticos do país. Pela importância económica que tem para o país, sabemos que não nos podemos dar ao luxo de travar esta realidade, mas percebemos cava vez mais que também não podemos simplesmente ignorar os seus efeitos: cidades cada vez mais descaracterizadas, pouco genuínas e sem residentes, os impactos no preço da habitação, no comércio local e no ambiente, etc.…
Mas afinal que turismo queremos? A questão é desafiante e reclama, da parte de todos nós, decisores políticos, medidas/respostas concretas que ajudem a alcançar o equilíbrio desejável entre os que visitam uma cidade, os que lá trabalham e os que lá moram.
Temos que ser capazes de olhar para as cidades como um todo, de perceber que não vivem só dos seus centros históricos e de apostar na dispersão dos seus fluxos turísticos, promovendo desta forma o desenvolvimento integral dos territórios, tal como pretende fazer - e bem - o Município do Porto com a criação de oito quarteirões territoriais turísticos no concelho.
E temos que ser capazes de dar a conhecer e explorar o potencial turístico de todo o território, que é grande.
Veja-se o caso de Vila Nova de Famalicão, um território que fica a menos de trinta minutos dos grandes centros turísticos do Norte. Sendo uma plataforma giratória turística privilegiada, não deixa, contudo, de ser um excelente destino turístico com animação permanente, monumentalidade, natureza, cultura e desporto.
É por aqui que tem que ser aliviada a pressão dos grandes centros e isso começa a sentir-se, mas há muito a fazer. Vila Nova de Famalicão, ainda que muito longe da dinâmica turística de cidades como Porto ou Lisboa, tem acompanhado esta tendência de crescimento, tendo registado uma subida da proporção de hóspedes estrangeiros no concelho e um aumento exponencial das dormidas em estabelecimentos hoteleiros de alojamento turístico nos últimos anos.
Parece que nesta viagem pelo turismo, é o Norte que continua a mostrar o caminho ao país!