Turismo Porto e Norte: 30 anos de sucesso
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Em 1995, falar de turismo no Porto e no Norte era pouco mais do que esotérico. Com reduzida expressão económica, oferta pouco qualificada e um mercado dependente da procura interna, nada faria prever que a atividade crescesse ao ponto de se tornar numa referência económica. Mesmo assim, houve um conjunto de entidades que viram mais longe e formaram uma associação apta a projetar o futuro do turismo regional.
O balanço não podia ser mais positivo. Após alguns momentos marcantes para o reforço da projeção internacional do Porto, como foram a elevação do Centro Histórico a Património Mundial da Humanidade; a Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura ou o Euro 2004, o passo decisivo para fazer da cidade e da região um “destino” regular foi a renovação do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e a chegada das low-cost no período 2005-2009.
O volume de passageiros cresceu cinco vezes e a oferta turística não parou de aumentar, não apenas em quantidade - o número de camas em alojamento é quatro vezes superior a 2009 - mas também em qualidade, com uma grande diversificação e qualificação dos serviços de hotelaria e lazer. Não por acaso, o Porto foi eleito três vezes o melhor destino europeu e recebeu, em 2022, o prémio de melhor destino de cidade do Mundo.
A crise pandémica abrandou a trajetória, mas os números de 2023 e 2024 confirmaram a resiliência e vitalidade do cluster, atingindo valores recorde na região, quer em número de dormidas, quer em número de hóspedes. O turismo continuou a evoluir, imune às críticas, à instabilidade política e ao contexto internacional.
Apesar do sucesso ser inequívoco, há, contudo, desafios que têm de ser atacados. A começar por alcançar melhores indicadores, ao nível do tempo médio de estadia e do rendimento por quarto disponível, refletindo uma maior aposta no valor e qualidade da experiência oferecida ao cliente. Na mesma linha, é essencial diversificar a oferta na região, permitindo que o turismo ultrapasse as fronteiras do Porto - onde incidem 70% das dormidas - e beneficie regiões periféricas. Finalmente, superar o défice de mão de obra e qualificações, tornando a profissão mais atrativa para as novas gerações. O futuro é promissor, mas exige visão estratégica e capacidade de adaptação.