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Turismo é hoje fonte essencial de receita nas cidades históricas, como Porto, Património da Humanidade. Pensar o seu futuro passa por avaliar esta dimensão urbana, o modo como funciona e a dimensão de impacte sobre a rede estrutural e infraestrutural, aspetos físicos e sociais.
Em muitas cidades similares, o assunto é já motivo de preocupação e o Porto tem de pensar no problema, sobretudo nas consequências sociais daí derivadas. Cidade em perda populacional e envelhecimento etário, perda de classe média suporte do equilíbrio sociocultural e económico, os próximos autarcas não podem fugir a esta discussão, que implica avaliar o problema da Habitação, Mobilidade e do Alojamento Local.
Turismo rende economicamente mas desgasta a identidade funcional e social, desequilibra a utilização e manutenção do território urbano, a “personalidade própria” dos residentes e sua inter-relação. Nada de novo que outros com o mesmo problema não estejam já a responder, contudo há que ser prudente nas soluções, pois cortar a direito ou “à bruta pode matar a galinha sem lhe aproveitar os ovos”. E isto de lidar com ovos, sabe-se complicado.
Articulado com o problema está a “insegurança urbana”, que tem outras razões mas a perda de população nativa também contribui para tal, pois “cidade segura” agrada a todos, residentes e visitantes e o Porto sempre foi determinado e firme, de população de “coração aberto” e solidário, pouco dado a “amigos do alheio”, venham eles de onde vierem.
* Arquiteto e professor