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A pouco mais de um mês para as eleições europeias, que se realizam entre 6 e 9 de junho, vive-se em várias geografias uma crescente tensão devido ao fortalecimento dos partidos de extrema-direita. França, Itália, Hungria, Países Baixos, Bélgica e Áustria são exemplos onde as formações radicais lideram as intenções de voto. Já não falamos de movimentos à margem, mas no centro do sistema. Ontem, Emmanuel Macron fez, a partir da revista “The Economist”, um aviso sombrio e profético.
Não é a primeira vez que o presidente francês lança um alerta apocalíptico sobre a Europa. Há dias, proferiu um longo e duro discurso sobre o futuro do velho continente. Ontem, voltou a lembrar que estamos no limiar de um precipício. Sobretudo por três razões: porque não estamos a cuidar da nossa segurança (“se a Rússia vencer a Ucrânia, a Europa ficará em ruínas”), porque perdemos competitividade (é preciso apostar inequivocamente nos domínios da energia e da tecnologia), porque há uma fragilidade política em crescendo (alimentada por movimentos nacionalistas/populistas).
Emmanuel Macron está preocupado. Com várias coisas. Com os caminhos da UE, com a política interna do seu país, com o legado que ele próprio deixará numa altura em que não pode renovar o seu mandato. O presidente francês sabe que as eleições europeias constituem um momento importante quer para a coesão da Europa, quer para a avaliação das lideranças de cada país. Em França, Valérie Hayer, a candidata de Macron, apenas tentará sobreviver à pesada derrota que previsivelmente sofrerá face a um cada vez mais popular Jordan Bardella, o candidato da União Nacional. Estes resultados terão réplica em vários países. Segundo projeções avançadas pelos média europeus, os deputados populistas podem formar um quarto do hemiciclo, algo inédito pelo número de países envolvidos e pelos níveis atingidos.
Se se repetir a tendência do escrutínio anterior, a adesão dos eleitores com menos de 30 anos aumentará. E isso é uma boa notícia para os partidos de extrema-direita, os mais hábeis a desenvolver estratégias de comunicação nas redes sociais, mais vocacionadas para esta franja etária.
São perto de 400 milhões de eleitores em 27 países que vão eleger os 720 deputados europeus. Na sequência dessa eleição, serão nomeados os responsáveis máximos da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu. Há um futuro que é nosso que está em jogo. Convém debater muito bem os caminhos que queremos percorrer.