Somos 50 mil, somos os filhos da maior Universidade do país e, no entanto, muitos de nós desconhecem a nossa própria existência. Percorridos 10 anos da fusão da Universidade, há poucos indícios visíveis de um espírito identitário estudantil que, quando existir, será o maior de todos os tempos. Apesar do constante empenho de alguns membros da comunidade universitária, continuamos com a mentalidade dividida em 18 casas, 18 fragmentos de Universidade.
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À semelhança da União Europeia, onde o euroceticismo ameaça a estabilidade do projeto europeu, também na Universidade de Lisboa (ULisboa) vivemos um fenómeno de "ULisboaceticismo" que se apresenta como uma ameaça à evolução do maior projeto universitário português de sempre. Preservar a autonomia e a identidade individual de cada escola não implica prejudicar a construção de uma identidade global para a ULisboa. Pelo contrário, é possível preservar as características únicas de cada unidade orgânica e, ao mesmo tempo, trabalharmos em conjunto para se construir uma identidade global sólida e coesa, proporcionando uma visão compartilhada e uma base comum capaz de enfrentar os grandes desafios contemporâneos e vindouros.
Tendencialmente mais preocupados em competir do que cooperar, como principais beneficiários e agentes de mudança dentro da Universidade, os estudantes têm um papel fundamental na construção de uma comunidade capaz de enfrentar os desafios que a ULisboa enfrenta. Nesse sentido, é crucial que a comunidade estudantil assuma a liderança na defesa deste grande projeto que é a Universidade de Lisboa.
Para além das importantes estruturas estudantis locais e de âmbito regional, a Universidade de Lisboa, na qualidade de maior Universidade do país, necessita de uma estrutura de âmbito universitário que sirva exclusivamente os interesses comuns dos seus mais de 50 mil estudantes. A importância desta tarefa não passa por colégios federativos distantes dos estudantes, mas sim através de uma estrutura que permita a devida prestação de contas e o escrutínio direto de qualquer estudante.
A Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL) assume-se como o único modelo capaz de realmente servir toda a nossa comunidade estudantil. Este modelo tem a capacidade de proteger e defender os interesses das associações de estudantes e académicas das escolas da Universidade de Lisboa, através da representação no Conselho Geral, bem como diretamente dos estudantes da Universidade, através da representação na Assembleia Magna. Com um modelo de eleição puramente democrático, a AAUL permite que cada estudante tenha uma voz ativa e direta no processo de escolha dos seus representantes universitários. Isto garante transparência e equidade no processo de representação, assim como acontece nas eleições das estruturas de cada escola.
O sucesso da ULisboa passa pelo fortalecimento da AAUL, uma estrutura que olha internamente e exclusivamente para os interesses dos estudantes da ULisboa e os projeta de Lisboa para o mundo. A AAUL é, portanto, uma peça essencial para a efetivação do projeto da ULisboa, e a responsabilidade dos estudantes aqui é tremenda.
No dia 8 de março, dia da Mulher, a AAUL celebrou 16 anos de valores democráticos e estudantis. Hoje, volvidos 16 anos da sua criação, a certeza é uma: A maior Universidade do país merece a maior associação académica do país, liderada por estudantes comprometidos em tornar a ULisboa a sua casa. O futuro da Universidade de Lisboa depende disso.
Presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa,
Estudante de Engenharia Informática e de Computadores no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa