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Temos de novo notícias do aeroporto do Porto, agora sobre o comportamento da TAP e as suas políticas tarifárias. Nada de novo e de diferente.
É hora de dar mérito a quem a partir de um aeroporto que não superava a barreira dos dois milhões de passageiros ousou projetar a sua ampliação para uma aerogare moderna e capaz de atingir com sucesso e qualidade a barreira dos 12 milhões. O professor Valente de Oliveira foi decisivo neste processo e tem o nosso agradecimento. O investimento na modernização foi realizado com algum atraso e não ficou sequer pronto a tempo do Euro 2004. Foi a partir de 2006 que se colocaram os problemas atuais do seu desenvolvimento. Discutiu então o Governo os modelos de privatização da ANA, tendo a Junta Metropolitana do Porto, na qual fui gestor executivo, encomendado dois estudos: um à consultora Deloitte sobre modelos de gestão de aeroportos e outro à Faculdade de Economia do Porto sobre a sua importância no desenvolvimento económico e social da região. Se no que ao primeiro estudo diz respeito ficou claro o interesse de uma gestão autónoma do aeroporto, no segundo ficou demonstrada a importância decisiva desta infraestrutura.
Foi muito bonito ver a união que se gerou. Percorremos toda a região em sessões de debate sobre os resultados dos estudos em causa e a importância coletiva do tema. Recordo-me da viagem conjunta a Bragança com Rui Moreira, então presidente da Associação Comercial do Porto, para mais um debate contagiante e muito positivo. O resultado final deste esforço foi provavelmente único até hoje: 86 assinaturas dos responsáveis dos 86 municípios, em nome do futuro de uma infraestrutura por todos sentida como sua.
Os resultados do esforço então realizado, nomeadamente no apoio às companhias de baixo custo, contra a vontade e ceticismo de muitos, estão hoje demonstrados à saciedade. Mas há ainda nuvens negras, provocadas pelos habituais ventos de cruzados de sul, neste caso por uma TAP que nem é pública, nem privada, antes pelo contrário, fruto de solução típica de jovem ambicioso com tiques de consultor. Que coloca problemas graves na ocupação de "slots" que não utiliza, mas bloqueia, sobretudo em viagens intercontinentais. Haja coragem de combater mais esta situação e este impasse. Em nome de algo que a todos nos une.
* PROFESSOR CATEDRÁTICO DA UNIVERSIDADE DO PORTO