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O tempo do jornal é o segundo, é o momento. Um ano é ontem à escala humana, porque o tempo passa a correr e a vida também. À escala da cidade, um ano é hoje, pois, num ano pouco se faz, e o tempo da sua construção é secular. Faz hoje um ano que o JN me deu a oportunidade de escrever. Como é sobre a cidade, é um mosaico cujo balanço vai demorar a fazer.
A cidade é o maior arquivo da história e do conhecimento. Um ecossistema vivo, mais que um território físico, é uma construção social. Por aqui passaram temas como a guerra e a pandemia, mobilidade, transportes e ambiente, espaço público, acessibilidades e direito à cidade, sociedade, arquitetura e espaços culturais.
Escrevi sobre a Cidade Mulher, a Cidade das Crianças, a Cidade que Caminha, a Cidade de Desejo, a Cidade Natal, as Cidades Interface, o Condomínio das Cidades ou as Cidades 15 Minutos.
Mas em todas estas reflexões, sempre escritas pelos cafés da cidade, esteve presente o meu Porto que habito e amo, e o país que me corre nas veias, onde desejo viver até morrer.
Por isso, abordei temas do Porto, desde a mobilidade, à Circunvalação que não se reencontra, aos rios que foram cobertos, passando pelo Bolhão renascido, aos cafés alma da cidade, às pontes que irão abraçar as margens, ao mesmo tempo que fugia para as políticas públicas, como a crise energética, o caos dos aeroportos, as belas festas populares e os emigrantes desejados ou a geopolítica.
Foi muito pouco tempo para tanto tema, tanta inspiração e sempre a luta contra os reduzidos caracteres. Agradeço aos leitores e desejo um bom ano a todos os que vivem na "Cidade das Terças-Feiras"!
*Especialista de Mobilidade Urbana