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Ser presidente no Brasil é um cargo de alto risco, porque o destino mais próximo é a destituição (como ia acontecendo com Dilma Rousseff e Fernando Collor de Melo), ou a prisão, como aconteceu com Lula da Silva e agora com Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado. E se há país onde os poderes se misturam é o Brasil. Juízes e políticos andam de mãos dadas conforme os interesses coincidam ou não. Foi assim com Sergio Moro, que condenou Lula da Silva a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que viria a ser mais tarde solto porque foi julgado no tribunal errado. E agora os juízes do Supremo Tribunal, com quatro votos a favor e um contra, tomaram uma decisão histórica ao mandar Bolsonaro para a prisão. É evidente que a acusação dos crimes foi diferente: um terá sido corrompido pela Petrobrás e outro terá tentado subverter a democracia do seu país. Um é o atual presidente do Brasil, que depois de politicamente morto, ressurgiu das cinzas, foi reeleito e pagou as contas do passado. O outro é o ex-presidente do Brasil que recusou o veredito nas urnas e tentou um golpe de Estado.
A decisão do Tribunal Supremo é a afirmação categórica de que nenhum líder está acima da lei ou pode conspirar contra a vontade dos cidadãos. Com este acórdão, o Brasil salda a dívida com o seu passado recente, o da ditadura militar. Donald Trump manifestou-se abertamente no apoio de Bolsonaro, apelidando o julgamento de farsa e acusando a Justiça brasileira de atuar como um braço da Esquerda. Esta interferência revela uma ligação perigosa entre líderes que se recusam a aceitar o jogo democrático e procuram exportar um manual autoritário de desinformação, vitimização e desprezo pelas instituições.