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A crise global que estamos a viver está a provocar profundas alterações na nossa sociedade e economia. Muitos think tanks têm vindo a fazer uma profunda reflexão à volta das respostas que num contexto de crescente incerteza e complexidade pode e deve haver para o futuro. Num tempo de mudança, em que só sobrevive quem é capaz de antecipar as expectativas do mercado e de gerir em rede, numa lógica de competitividade aberta, as pessoas lançam a questão e perguntam-se se cabe de facto ao Estado o papel de intervenção ativa na preparação do futuro ou se pelo contrário não caberá à sociedade civil a tarefa de reinvenção de um novo modelo de criação coletiva de valor centrado na participação e criatividade individual. Num mundo de incertezas, mais do que nunca se torna decisivo saber apostar numa nova relação entre o Estado e a sociedade, de forma a encontrar novas respostas para um tempo cada vez mais complexo.
As perguntas que as pessoas lançam, a propósito da intervenção do Estado num contexto de incerteza em tempo de crise, correspondem sem dúvida a um sentimento coletivo de uma nova geração que cresceu e amadureceu numa sociedade aberta onde a força das ideias é central para o desenvolvimento da responsabilidade individual num quadro coletivo. A nova geração que ganhou dimensão global através da força dos instrumentos da sociedade digital acredita na felicidade e na justiça humana mas à custa duma adequada aposta na criatividade individual e no reconhecimento do mérito na criação de valor. Por isso, importa que se desenvolvam ideias que apresentem uma solução diferente para os próximos tempos do país. Precisamos de facto de um sentido de urgência na definição de um novo paradigma de organização em sociedade e de integração no mundo global. A oportunidade existe. Mas importa que haja respostas concretas.
A consolidação do papel destes novos atores entre nós passa em grande medida pela efetiva responsabilidade nesse processo dos diferentes atores envolvidos - Estado, universidade e empresas. Todos eles têm de nesta matéria saber estar à altura destas expectativas de participação/colaboração tão próprias da sociedade aberta atrás referida. Impõe-se neste sentido uma articulação adequada ente estes atores relativamente a um consenso estratégico à volta do adequado aproveitamento do capital de contribuição destes novos atores. Um desígnio de reinvenção que acelere uma verdadeira ação coletiva de mobilização de ideias e vontades em torno duma mudança desejada. Precisamos mais do que nunca de um verdadeiro Estado inteligente.