O que ficou conhecido como a "Reforma Veiga Simão", percorridos que são 50 anos sobre a sua implementação, merece uma análise cuidada, quando a mesma é alvo de um conjunto alargado de debates sobre os seus princípios, objetivos e méritos.
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O primeiro pormenor desta reforma, contado pelo próprio pouco tempo antes de nos deixar, reside no facto de a mesma ter sido alvo de uma fortíssima oposição no Conselho de Ministros, tendo sido por decisão direta do presidente do Conselho, professor Marcelo Caetano, que terá avançado.
Segundo Veiga Simão, a expansão e diversificação do Ensino Superior estavam associadas a um "equilibrado desenvolvimento económico e social do país, à conjugação com o processo de um desenvolvimento prospetivo, e, ainda, ao fortalecimento da individualidade e do mérito, à coesão nacional e à projeção de Portugal no Mundo". A sua conceção e execução exigiram um diálogo permanente e intenso com países de economia e justiça social mais evoluídos, designadamente o Reino Unido, a França, a Alemanha e os Estados Unidos da América e, bem assim, com a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico.
O programa correspondeu à urgência em gerar condições favoráveis à criatividade de os portugueses potenciarem a sua reconhecida capacidade de trabalho e iniciativa e à exigência, cada vez mais nítida, à consciência nacional de uma equitativa repartição dos frutos do desenvolvimento. A Universidade deve colocar-se na frente dos desafios inexoráveis de "um mundo em transformação", em que o "conhecimento" emerge como "alimento" dessa mudança. Beneficiando do seu legado histórico, a Universidade saberá como responder aos desafios inerentes aos novos conceitos de saber e de saber fazer, ou seja, de inovação e competitividade a nível nacional, europeu e internacional.
Veiga Simão foi alguém que ousou pensar, trabalhar e sonhar com um país melhor.
*Reitor da UTAD