O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro tinha a lição bem estudada. Sim, João Galamba telefonou, fez o relato dos incidentes e manifestou preocupação com a informação classificada que estava no computador.
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Mas a pergunta para um milhão de dólares era outra. Foi António Mendonça Mendes a sugerir ao ministro que ligasse ao Serviço de Informações da República Portuguesa (SIRP), que tutela o SIS? A resposta foi sibilina: "Não, o reporte ao SIRP não decorreu nem de sugestão, nem de orientação, nem minha, nem da parte de nenhum membro do Governo".
À primeira vista, parecia claro: não teve nada que ver com isso. E os partidos da Oposição à Direita decretaram, por isso, que Galamba é mentiroso, uma vez que afirmou, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que o secretário de Estado lhe tinha sugerido um contacto com o SIRP. Na verdade, não têm nenhuma prova de que o ministro mentiu. Mendonça Mendes não disse que não sugeriu. O que disse foi que o contacto junto das secretas não decorreu de sugestão sua ou de outro membro do Governo. Que não sabemos se houve.
E que importância política tem esta bizarria? Toda. Porque, depois de António Costa ter recusado a demissão de Galamba, contra tudo e contra todos (incluindo o presidente da República), ficou vinculado ao que viesse a ser apurado sobre o seu ministro na CPI. Se Galamba caísse, o Governo cairia com ele. O depoimento do secretário de Estado assegurou duas coisas, ambas pela negativa: não há provas de envolvimento do gabinete do primeiro-ministro na intervenção do SIS, nem há provas de que João Galamba mentiu.
Isso significa que este tem um futuro promissor no Governo? Não. Como já se disse e escreveu por estes dias, é um ministro sequestrado. Ficará até à próxima remodelação. Quando o "deplorável" episódio já não for notícia.
Diretor adjunto