Cada Natal é diferente do anterior. Mas o deste ano vai ser celebrado em circunstâncias muito particulares, impostas pela pandemia.
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Na mesa da Consoada ficarão muitos lugares vazios. Alguns porque as famílias, por prudência, decidiram não se juntar em tão grande número. Outros, porque quem os costumava ocupar ficará retido nos lares. E tantos outros também não estarão porque partiram para a eternidade.
As igrejas não se vão encher, como era habitual, na noite de Natal. Não só por causa das normas de segurança e de distanciamento que se têm de respeitar, mas também pelo medo do contágio.
No final da Audiência Geral, na última quarta-feira, o Papa Francisco, ao saudar os peregrinos de língua italiana, exortou os fiéis a celebrar o verdadeiro Natal, "o do nascimento de Jesus Cristo". Referiu a conjuntura em que este se irá agora celebrar, marcada por "restrições e constrangimentos". E lembrou que, na vida de Maria e de José, o primeiro Natal não foi nada fácil.
Na verdade, desde que aquela criança irrompeu nas suas vidas, tudo se complicou para eles. A primeira dificuldade que tiveram de ultrapassar foi o risco de Maria ser apedrejada, caso se descobrisse que aquela gravidez tinha acontecido fora do casamento. Foi providencial a deslocação a Belém, por causa do recenseamento, para que ninguém se apercebesse dessa circunstância. Viram-se obrigados a acolher aquela criança longe da família, fora da sua terra e num estábulo.
Contudo, o nascimento não pôs fim às suas preocupações. Tiveram de fugir do seu país para escapar à perseguição de Herodes, assumindo a condição de refugiados no Egito. Após a morte de José, Maria continuará a trilhar um caminho atribulado que culminará com a morte do seu filho no Calvário.
"No entanto, a fé, a esperança e o amor os guiaram e apoiaram", referiu o Papa na última audiência. Fez votos para que o seu exemplo e a forma como eles enfrentaram as contrariedades nos ajude, a todos, "a purificar um pouco o modo de viver, de festejar o Natal". Este deverá ser menos consumista, "mais autêntico, mais verdadeiro".
Ainda que em pandemia, um Feliz Natal!
*Padre