De acordo com informações recentemente veiculadas, o governo cubano anunciou alterações na política de emprego que se traduzem na diminuição de mais de meio milhão de postos de trabalho na Função Pública até meados de 2011. Por sua vez, o único sindicato cubano revela que o sector privado irá sofrer consequências através de novas formas de relação não laboral como alternativa de emprego, sendo que para ele se vão deslocar centenas de milhares de trabalhadores.
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Não sei se estes despedimentos se vão basear em razões legalmente atendíveis ou se aparecerá em Cuba a flexibilidade laboral. Mas este caso caricatural serve para demonstrar que nada, ou quase nada, é imutável na vida de um Estado. Não faço ideia se assistiremos a uma convulsão social ou se o comunismo ainda é o que era. O que sei é que as alterações vão surgindo, sendo evidente que métodos destes apenas são executáveis em regimes ditatoriais.
Muitas vezes o agitar de águas até pode servir para fazer alterações necessárias. Mas também tenho a certeza que, em democracia, os tiros de pólvora seca são o pior que pode suceder para as mudanças de espírito. Assim, nunca me pareceu que a Constituição deva ser um programam ideológico. Já me bastava que não fosse obstáculo para qualquer discussão e fosse equilibrada sem tender para nenhum lado.
Infelizmente, a discussão sobre a Constituição vai sendo feita através de chavões. Ora aparece o "caminho para o socialismo"; ora se berra com a defesa do Estado Social, ora se defende a mudança liberal. Tudo isto está errado. A Constituição deve ser aberta a todos os modelos de sociedade e não se deve fechar em nenhum. É isto que deve ser comunicado pelos agentes políticos. Por isso, espero ainda que alguém assuma, entre as duas partes desavindas, uma voz de moderação que possa salvar o que torto nasce e dificilmente se endireita.