A vitória no Europeu de futebol é possivelmente dos momentos mais marcantes da história portuguesa do século XXI. E não apenas do ponto de vista desportivo. Não querendo parecer exagerado - e, sim, há muito mais vida para além do futebol -, existe um novo Portugal que se viu ao espelho nesta seleção. É um país que, como ela, tem talento, coragem e brio. E que, tão bem quanto ela, sabe unir-se, sofrer e ganhar.
Corpo do artigo
Por ter sido ganha onde foi, contra quem foi e da forma "against all odds" que foi, a conquista desta taça mostra-nos aquilo de que somos capazes quando nos aplicamos a fundo. Realidade que o presidente da República se tem encarregue de brilhantemente traduzir e pedagogicamente explicar. O facto é que há um paralelo simbólico e quase perfeito entre o que fizemos em França e que o fazemos por cá. Entre os onze que durante um mês trabalharam sobre a relva e os onze milhões que trabalham todos os dias no país e pelo Mundo.
A competência de um Fernando Gomes está ao nível dos gestores de topo. A crença e a visão estratégica de Fernando Santos encontram semelhanças com algumas empresas que competem nos mercados globais. O talento de Ronaldo está ao nível do que melhor temos na investigação científica de ponta. A criatividade e energia de Renato Sanches equiparam-se à de centenas de startups que lutam por um lugar ao sol. O empenho e o profissionalismo de um Pepe ou de um João Moutinho não são menores do que os de milhões de portugueses que saem de casa todos os dias para, com afinco e dedicação, fazerem o seu trabalho. Tal como a garra de Quaresma é feita da mesma matéria-prima que tantas vezes nos permite superar adversidades, acreditar em nós e alcançar o que desejamos.
Acresce um espírito de união e uma capacidade de sofrimento característicos desta equipa e muitas vezes deste país, que se revelam em momentos de necessidade e em situações de crise, e que nos levam a juntar forças e a superarmo-nos. No fundo, um retrato da nossa história e uma réplica muito fiel do que vivemos ao longo dos últimos anos.
Agora que entramos num segundo semestre do ano que promete ser muito difícil e pleno de obstáculos, fica como lição o percurso e o exemplo de uma equipa que honrou e honra Portugal. Podemos olhar para o espelho e perceber que somos iguais. E que, agora, é chegada a nossa vez de trabalhar, competir e tentar ganhar. Bem precisamos. E espero que não seja tarde de mais!
Por ter sido ganha onde foi, contra quem foi e da forma que foi, esta taça mostra-nos aquilo de que somos capazes quando nos aplicamos a fundo.
O facto é que há um paralelo simbólico e quase perfeito entre o que fizemos em França e que o fazemos por cá.
* EMPRESÁRIO E PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO