Em 2015, quando Jerónimo de Sousa afirmou que "o PS só não será Governo se não quiser", salvou António Costa (que já estava preparado para sair pela porta pequena) e salvou-nos das garras da austeridade e do roubo de direitos.
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Mas Jerónimo e o PCP, com patriotismo, sabiam que, melhorando o país e as condições de vida das pessoas, estavam também a reduzir a base eleitoral da CDU, dado que, está nos livros, este tipo de soluções beneficia quem governa e não quem viabiliza a solução governativa. Os feriados e os salários foram repostos, as reformas aumentaram, os passes dos transportes baixaram de preço, reverteram-se privatizações (caso da STCP), os manuais escolares tornaram-se gratuitos, reinvestiu-se no SNS e na escola pública. O reverso da medalha foi a perda eleitoral, com a CDU a perder, em 2019, mais de 115 mil votos.
Em 2022, é quase unânime o reconhecimento de que as perdas da CDU se deveram ao voto "útil" no PS para impedir o regresso da Direita. "Perigo" amplificado por vergonhosas sondagens tratadas como factos pela Comunicação Social. Foi esta a razão determinante da perda de mais de 92 mil votos (demasiados, mas menos do que em 2019). Naturalmente que há outras razões, como a incompreensão pelo voto contra o Orçamento ou a realização da Festa do Avante em pandemia (e que campanha anticomunista isso motivou!). E, como em tudo, erros próprios. Mas creio que estas terão sido razões menores... A "generosidade" de eleitores da CDU que votaram PS para impedir a Direita de regressar ao poder contribuirá para uma nova fase de políticas de Direita. Da CDU espera-se que lhes mostre que fizeram mal e que este passo atrás alavanque dois em frente!
Engenheiro