Um território chamado língua
A globalização acelerada e a desmaterialização da atividade humana, impulsionadas pela "nova" mobilidade da CPLP impactam fortemente o panorama cultural português.
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Embora sempre tenham existido intercâmbios entre os falantes da língua - shows, festivais e tournées - eles tornaram-se tão comuns que já não se é mais estrangeiro na mesma língua.
Estas diásporas culturais - in situ e online - provam isso mesmo; mostrando que as manifestações culturais existem nas manifestações desmaterializadas da língua, como em qualquer teatro, palco, cinema, streaming ou podcast onde se expressem. Ela não é mais um simples instrumento, ela é a própria plataforma.
Organizar eventos de conhecimento em português que ultrapassem fronteiras oferece oportunidades únicas para enriquecimento pessoal, no entanto, essa tarefa apresenta desafios significativos, pois com ela vem a necessidade de compreender as particularidades culturais, respeitar tradições e sensibilidades, e evitar a imposição das "nossas" perspetivas que, mesmo sem intenção, comprometem a autenticidade e a integridade originárias.
A promoção de uma cidadania da língua baseada no fortalecimento da diversidade que enriquece o Mundo, valoriza e honra a riqueza de um património compartilhado por muitos países e comunidades, abrindo caminhos para a definição de novos conceitos de cidadania.
Ao construir em Coimbra a "Casa da Cidadania da Língua", destinada a encontrar caminhos para a promoção, pesquisa e partilha de conhecimento e cultura entre falantes da língua portuguesa, independentemente da sua origem territorial, a Associação Portugal Brasil 200 anos, em parceria com instituições sociais e culturais dos países de língua portuguesa, está a construir-lhe o futuro.
*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos