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Isabel Alçada assegura "que o Ministério da Educação tomou todas as medidas para que o início do ano lectivo se faça com a alegria que é própria de uma actividade desta natureza". Eu cá não consigo imaginar que alegria terão os pais que não sabem nem em que escola os filhos vão ser colocados, nem em que condições de segurança vão ser transportados. Já para não falar da alegria das crianças que passarão a acordar com os galos.
A ironia serve para demonstrar que o país não pode ser desenhado a régua e esquadro a partir da 5 de Outubro (onde mora o dito Ministério).
Parece-me inquestionável a mais-valia de integrar três alunos de uma recôndita escola num centro escolar, dotado de infra-estruturas e de avançados equipamentos de aprendizagem. Mas se assim é, por que razão se investiu dinheiro a modernizar escolas que sabemos hoje que vão fechar?
Mas o que me parece de facto questionável é o "timing" - faltam três semanas para o arranque do ano lectivo. Alguém acredita que este processo será levado a bom porto em tão curto espaço de tempo? O Governo perdeu mais uma oportunidade de, em plena "rentrée" política, limpar a imagem de atabalhoado que tinha deixado antes de ir de férias.
Quem, no entanto, aproveitou o fim da "silly season" para pôr ordem na casa foi o ministro das Finanças, deixando em maus lençóis os seus homólogos da Cultura e do Ensino Superior e pondo numa situação delicada o próprio primeiro-ministro. Teixeira dos Santos veio então dizer, preto no branco, que todos os ministérios terão de fazer cativações - dinheiro que fica de reserva e que só pode ser utilizado mediante autorização do ministro das Finanças.
Ora, tanto Mariano Gago como Gabriela Canavilhas vieram a público "gabar-se" de que não teriam de fazer quaisquer cativações, em grande parte graças ao empenho de José Sócrates. Com esta decisão, Teixeira dos Santos abre mais uma frente de batalha dentro do próprio Governo, mas torna-se cada vez mais o homem-forte deste Executivo. E mostra que o princípio da universalidade exigido pelo PSD nas SCUT também pode ser adoptado internamente. O que é para um, é para todos.