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Olho para a campanha e de repente sinto-me a mergulhar nas páginas escritas por Gueorgui Gospodinov. O passado como refúgio para esquecer o beco sem saída em que nos encontramos. Será essa a inspiração de Luís Montenegro? Todos os dias nos traz uma figura do passado, e como se tem comprovado, o resultado não tem sido feliz. Mas insiste, embora todos os dias seja obrigado a vir corrigir o que essa personagem traz à campanha. Paulo Núncio quer recuar ao tempo em que as mulheres iam para a prisão por fazer um aborto, Montenegro desmente: não queremos isso; Eduardo Oliveira e Sousa, cabeça de lista por Santarém, defende milícias populares e nega as alterações climáticas, mas Montenegro assegura: nós vamos combater o aquecimento global. Durão Barroso veio glorificar os cortes patrióticos da troika e como se já não bastasse Cavaco Silva também veio ontem fazer prova de vida. E até o PS fez de António Costa cabeça de cartaz, o que lhe valeu, reconheça-se, um banho de multidão.
Não encontrarão os partidos gente jovem que acredite no futuro e venha para o terreno contagiar os portugueses. Para passado chega-me ler “Refúgio no tempo”, do escritor búlgaro, uma alegoria de uma Europa num beco sem saída. Será aí que estamos?