Numa altura em que o país assiste à campanha eleitoral, é inevitável o comentário ao que se vai passando no país político. Poderia desenvolver o meu raciocínio sobre o apagão de Teixeira dos Santos; a dificuldade que alguns candidatos têm em explicar as suas medidas; os "prémios" concedidos a quem participa na campanha; ou, ainda, a relevância dos cidadãos do Paquistão nestas eleições. No entanto, tomei outra opção. Vou analisar o calor de algumas declarações.
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Todos os portugueses puderam ouvir durante esta semana frases muito duras em relação a adversários eleitorais. Independente da relevância ou irrelevância dos autores destas frases, o que aqui importa é uma análise mais profunda das consequências deste palavreado. Numa altura em que se exige uma cultura de compromisso e de diálogo, temo que estas frases, ainda que esquecidas no futuro, possam deixar marcas. Nada tenho contra alguma polémica nestas alturas, mas algumas personagens estão a esquecer por completo o espírito do discurso presidencial por ocasião da marcação destas eleições.
O presidente da República pediu, e bem, uma campanha elevada. Esta vontade ultrapassa o elemento democrático estrutural. Tem muito a ver com a situação em concreto. Portugal vai necessitar de uma solução maioritária no Parlamento que vai ter de envolver mais do que uma força partidária. Será essencial que os partidos depois das eleições possam convergir. As frases para a comunicação social não ajudam a esse espírito de compromisso futuro. Por isso, espero que alguns espíritos mais excitados se acalmem, sob pena de mais tarde poderem chorar sobre leite já derramado. Esta não é, de todo, a altura para ser pirómano, sob pena de acabar queimado.