Corpo do artigo
Há uma nova Comissão Europeia e, embora continue a ser liderada pela conservadora Ursula von der Leyen, reflete também uma outra realidade. É a mais inclinada para a Direita no espetro político da história desta instituição. E o exemplo mais claro é a nomeação de Maria Luís Albuquerque como comissária dos Serviços Financeiros, Poupança e Investimento. Uma antiga ministra das Finanças e a face visível de uma das fases mais negras da economia portuguesa quando o país entrou em resgate financeiro. Tomou medidas duras, necessárias até, mas para além do que pedia então a troika. Dos 27 membros da Comissão, onze são mulheres, mas não será pela paridade que Von der Leyen poderá ser contestada, mas sim pela representação da extrema-direita neste comissariado em que o italiano Raffaele Fitto é o mais polémico por ter sido o ministro dos Assuntos Europeus de Giorgia Meloni. A nova Comissão Europeia confirma também a viragem à Direita do eleitorado em vários países da União e a ascensão muito preocupante da extrema-direita. Não será por acaso que o homem de confiança do primeiro-ministro húngaro Viktor Órban em Bruxelas, Oliver Varhelyi, um eurofóbico convicto, assumirá a pasta da Saúde e do Bem-Estar Animal.
Um cenário que levou também a presidente da nova Comissão a concentrar-se em aspetos como o crescimento e a produtividade, colocando na ordem de prioridades as questões sociais relevantes para a Esquerda, mas que a Direita utiliza sistematicamente nos parlamentos nacionais para atolar a discussão política. Apesar desta composição, Ursula von der Leyen é famosa pelo seu pragmatismo e perfeito conhecimento dos mecanismos e equilíbrios políticos de Bruxelas e, por isso, está ciente que tem de compensar tanto os socialistas como os liberais para que o projeto europeu siga em frente.

