Quando Rui Moreira (RM) concorreu à Câmara Municipal do Porto, o facto seria positivo só por ter rompido com o fado das listas partidárias. Quando se percebeu que era uma candidatura forte, plural e competente que tinha que ser levada a sério, foi melhor. E quando, contra todas as profecias e augúrios, ganhou, aí sim, passou-se para o muito importante.
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Houve quem augurasse que agora é que iam ser elas. Que, como independente, o novo presidente da Câmara ia ficar uma rainha de Inglaterra, capturado pelo PP, que o tinha apoiado na candidatura. Ou pelo PS, com quem viria a ser celebrado um acordo de governo. Ou pelo PSD, claro, porque até ficava mal este ficar de fora. Em síntese: RM não podia ser independente. Pior, não podia sequer ser especialmente competente, pois que sempre lhe faltaria o "aparelho", a "máquina" pensante tática e estratégica.
Enganaram-se, e de que maneira. E naquilo que agora afirmo não sou mais parcial do que, por exemplo, Rui Sá, que nas páginas deste jornal desanca no governo do Porto com o vigor que Deus lhe deu crónica sim, sim, sim, sim, sim, não, sim, sim, sim, férias, sim, sim. Ou do que outros que juram imparcialidade de forma assanhada.
É verdade que antes tudo era dificílimo e meritório e agora nada tem mérito e tudo é facílimo. Mas, mesmo assim, e só a talhe de foice... As contas à moda do Porto não estão a ser (mais do que) cumpridas? Não foi lançada e bem lançada a Frente Atlântica? A Cidade não é ouvida extramuros? E a ação e habitação social, bem, não? O Fundo do Aleixo não está a ser resolvido? O concurso do Rosa Mota não foi lançado, por muito que isso pelos vistos cause urticária? O concurso do Bairro D. Leonor não está a andar, assim como o do estacionamento? O Bolhão não vai ter cara nova? Não conseguiu a cidade ficar a gerir o INATEL depois de aníssimos de tentativas frustradas? A reabilitação urbana não foi desbloqueada? E a Educação? E a Inovação? O Coliseu, RM não ajudou a resolver? E a Cultura, que derrubou barreiras, que incluiu sem ofender, que tal? Benzinho, vai-se andando, não é?
Quem supôs (ou sonhou) que não houvesse liderança e presidente da Câmara deve estar agora num canto a esfregar a testa com sabão. Antes isso, pelo menos fica a dita bem lavadinha.