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A notícia da realização de um estudo sobre terminais portuários e infraestruturas logísticas promovido pela Associação Comercial do Porto veio despertar expectativas nos setores ligados à economia do mar. Como em outras circunstâncias históricas, o que está em causa é o contributo cívico, sério e interessado no sentido do desenvolvimento nacional. Do Porto, do Norte e do país no seu todo.
Uma economia moderna e competitiva não o é verdadeiramente sem uma política portuária ambiciosa e coerente. Sendo através dos portos e do transporte marítimo que se materializa o fundamental das relações comerciais internacionais, a crescente vocação exportadora das empresas portuguesas deve encontrar aqui parte da sua sustentação e do seu potencial de crescimento. Ora, de momento e por muito que nos possa custar reconhecê-lo, Portugal não tem uma estratégia nacional de portos. O que não favorece o correto funcionamento e articulação destas infraestruturas, com prejuízo para a economia, constituindo motivo de forte preocupação.
A iniciativa da Associação Comercial passa por apresentar e entregar ao país um documento sobre terminais portuários e infraestruturas logísticas que avalie e enquadre o presente e que proponha soluções e estabeleça prioridades futuras. Daí o convite à mesma equipa que realizou o estudo "Portela + 1" sob a coordenação dos professores Álvaro Nascimento e Álvaro Costa para levarem a cabo o seu desenvolvimento, em sintonia com o Conselho Consultivo, no qual estão representadas a Associação, a Ordem dos Engenheiros, a Comunidade Portuária, os operadores e um conjunto de prestigiados especialistas em questões de planeamento, dos quais saliento o professor Valente de Oliveira.
Num momento em que iniciamos um novo ciclo - não apenas político, mas fundamentalmente económico, em virtude do arranque do quadro comunitário do Horizonte 2020 -, parece-nos fundamental propor uma política de investimentos infraestruturais que valorize o nosso território, ajude as nossas empresas e seja geradora de desenvolvimento económico e social. Os portos são, neste âmbito, de relevância fulcral.
Tal como sucedeu em 2007, quando o estudo "Portela + 1" se mostrou decisivo para a tomada da decisão de não avançar com o aeroporto da Ota, a Associação Comercial do Porto assume de novo (como tantas vezes na sua história) a responsabilidade de apresentar propostas que serão colocadas ao dispor de todo o país e em relação às quais as entidades administrativas e políticas darão o melhor uso. Sem reservas e sem preconceitos. A bem do país.
* EMPRESÁRIO E PRES. ASS. COMERCIAL DO PORTO