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Estará o Mundo à beira de uma guerra de proporções inimagináveis? O ataque do Irão ao território de Israel não tem precedentes e agora tudo dependerá da proporcionalidade da resposta calibrada pelo Governo de Benjamin Netanyahu. O caráter inédito da ofensiva lançada pela República Islâmica do Irão liga-se somente ao facto de ser, agora, algo de assumido e muito direto. Na realidade, essa “guerrilha silenciosa” existe há muito, embora de forma camuflada. Da parte de Teerão, a guerra tem sido feita por procuração, sobretudo através do Hezbollah, no Líbano, grupo que apoia militar e financeiramente desde os anos oitenta. Do lado judeu, a luta tem assumido um caráter mais discreto e multifacetado, lançando mão dos instrumentos tipicamente usados em guerras cibernéticas e psicológicas.
O Irão sempre utilizou a Síria como zona de trânsito de armas. O material bélico provém de fábricas iranianas e sírias, sendo levado através de rotas aéreas e terrestres para o Líbano. O seu destino final são os depósitos e locais de lançamento do Hezbollah, que estão situados em áreas civis em todo o Líbano. Uma vez no país, os projéteis são apontados para cidades israelitas e alvos estratégicos críticos, permitindo ao Irão ameaçar Israel. Sobretudo desde 2012, a campanha israelita, internamente apelidada “guerra entre guerras”, intensificou-se. Israel abordou sempre as ameaças de uma forma pragmática: enfraquecer os pupilos do Irão, sobretudo a Síria e o Líbano, impediria sempre um conflito maior com o inimigo islâmico. Hoje, a guerra frontal e de grande dimensão parece iminente.
Tal como no conflito entre o Hamas e Israel, também aqui não há qualquer dos lados que possa dizer que está de mãos limpas, mesmo que invocando uma alegada legítima defesa. Bons tempos esses em que os atos de guerra do lado israelita eram psicológicos, informáticos ou militarmente cirúrgicos.