Na seleção portuguesa feminina de futsal há uma jogadora maravilhosa que me entristeceu de morte. Chama-se Lídia Moreira e marcou três à Itália nos quartos de final do Campeonato do Mundo. Vibrei com a sua técnica, com a sua obra-prima num golo de calcanhar que fica para memória do futuro, com a sua força e até com o seu sorriso. Sei que nasceu em Lisboa, que tem 30 anos e que joga no Nun"Álvares, clube de Fafe que dá cartas no planeta do futsal, sei que é uma craque. Compreendo que tenha sido o jogo da sua vida, que a adrenalina fosse muita, que o que acontece na quadra fica na quadra, mas quando a vi, vestida com a camisola de Portugal a festejar o golo como se estivesse a disparar rajadas de metralhadora, não consegui continuar. Lídia, desculpa esta mensagem de quem não te conhece, mas não o voltes a fazer, peço-te. O Mundo está tão complicado, há tantas mortes em guerras estúpidas, há tanta maldade nas ruas, há tantas crianças que morrem nos lugares onde as televisões já não passam golos, onde as pessoas perderam o futuro e os miúdos a infância. Não entendo a razão para celebrares um dos dias mais felizes da tua vida como se estivesses a matar pessoas, ultrapassa-me essa voragem de morte, de agressividade, de mal. Tantos gritaram os teus golos e alguns irão tentar imitar o teu calcanhar de ouro, seria deprimente desejarem também festejar como tu. Se quiseres continuar a fazê-lo, tudo bem, mas nunca com essa camisola. Seria imperdoável.
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